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sábado, dezembro 25, 2004

Angústia Grátis


Angústia Grátis

Estava ali na vitrine, parado, bestificado com as ofertas, com todas aquelas luzes piscando dizendo-lhe silenciosas, “compre, compre!”
Os preços dos mimos estavam mesmo uma pechincha, o que era de se estranhar nessa época do ano.
O Natal tão próximo, poderia presentear alguém, mas não se lembrava há quanto tempo estava distante de todos, há quanto tempo não decorava sua casa para as festas, há quanto tempo não recebia um amigo para um chá.
Em outros anos, as coisas, os presentes, as pessoas, pareciam lhe mais caras.
Bem no canto da vitrine, um Papai Noel empoeirado, segurava um cartaz pequeno que dizia, “Angústia Grátis”.
Não pestanejou, entrou na loja e agarrou seu presente, era uma maneira de se convencer que era aquilo que lhe cabia, nesses dias solitários. Mas não estava triste, nem amargurado, seu único desejo era que tudo aquilo acabasse logo.